Jardim da Estrela e da cultura

Refúgio tranquilo, assim definiria o Jardim Estrela. Um espaço arborizado onde passo agradáveis tardes e mato um pouquinho da saudades do Marinha e da Redenção, minha parada obrigatória nos fins de semana de Porto Alegre. Muito comum são os piqueniques nos gramados do jardim, reunindo diferentes gerações que buscam divertimento ao ar livre. Junto ao lago patos e carpas são atrações a parte.

Um outro ponto interessante no Jardim Estrela é o coreto verde de ferro forjado. Lá pude apreciar uma apresentação de dança contemporânea. A atividade pertence ao projeto "Lisboa na rua" que leva cultura aos espaços públicos da cidade.

Neste dia o público conferiu o solo "morro onde me prendo", concebido e interpretado por Susana Gaspar. A frase do título foi retirada da obra de Maria Lamas "Mulheres do Meu País", que é o ponto de união entre todas as mulheres que lutaram pelo ideário republicano português. No solo de dança, o corpo e as ideias das mulheres portuguesas do início do século XX são preservados. Sem deixar de lado as mulheres que desapareceram neste período.

“Olho para o espaço e nele há coisas em que queria intervir.

O primeiro impulso é mudá-las de lugar.

Mas quando vejo melhor, percebo que isso é nada,

ou uma repetição, com aparência de mudança suada.

Sinto que a mudança acontece de dentro para fora,

no exercício de abrir os olhos ou redirecioná-los

até encontrar o lugar vago no espaço”.

(Susana Gaspar)

A performance musical é de Vitor Rua. Músico que iniciou sua carreira em 1970 com invenções melódicas que marcaram o “art rock” português. Em "morro onde me prendo" Vitor utiliza elementos como gargalos de garrafas de vidro para compor seu repertório.