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Centenário da República sob o signo da crise

Posted by Sarah Souza on 07:47

Neste feriado alusivo à Proclamação da República Portuguesa o que estampa os veículos de comunicação é o cenário em que Portugal se encontra: crise política, desenhada pela instabilidade governativa e econômica.

Para representar isso, compartilho um trecho do editorial de hoje do jornal português Diário de Notícias, que ilustra esse momento vivenciado pelo povo lusitano.

Centenário da República sob o signo da crise

É sem manifestações de alegria popular que celebramos hoje o centenário da República Portuguesa. Isso não acontece pelo facto de a evocação da sua história, seguramente exaltante, nos trazer também à lembrança tempos sombrios de turbulência, de tirania, de privações. O que está a ensombrar esta data, que devia ser festiva, é a incerteza quanto ao futuro colectivo dos cidadãos desta República, por não se vislumbrar a saída de uma década perdida, com sucessivos, cortes, ajustamentos e restrições.
A exposição do governador do Banco de Portugal deu várias pistas para uma estratégia, na qual todos os protagonistas (mesmo defendendo os seus interesses contraditórios) possam emergir mais fortes, isto é, vencedores: promoção da poupança das famílias, dimensionamento do Estado a uma dimensão sustentável e investimento produtivo são a tríade do círculo virtuoso de saída dos apertos do presente. Só que tudo isto implica maior capacitação da população activa, maior transparência na apresentação da evolução das contas públicas, maior responsabilidade financeira e fiscal por parte das famílias.
Os países que souberam superar crises análogas à nossa, só o conseguiram ao fim de um período continuado de trabalho, de esforço de superação, de concertação das melhores soluções de compromisso, económicas e sociais. Comemorar hoje o sonho primeiro dos heróis da Rotunda é lançar as pontes para que, na próxima década, todas as peças deste complexo quebra-cabeças encaixem bem e se generalize a consciência de que, em clima de liberdade, a igualdade e a fraternidade são as promessas que a nossa República vai acabando, com avanços e recuos, por cumprir.

* O artigo foi retirado da página do Diário de Notícias.

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