Noites da minha terra

Anda o luar espalhando fios de prata

Pelos campos fora…Lírios a flux

Lança o azul do céu…e a terra grata

Transforma em mil perfumes toda a luz!

As estrelas cadentes vão ’spalhando

Lirios brancos também…agora a terra

Parece noiva linda, que sonhando

Caminha pró altar, além na serra…

É meia-noite agora. Tudo quieto

Na noite branda, dorme…Entreaberto

Vai esfolhando o lírio do luar

As alvas folhas, que cobrindo o céu,

E todo o mar e toda a terra, um véu

Branco,de noiva, lembra a palpitar!…

Eu poderia postar versos tradicionalistas ou até mesmo conhecidas músicas gauchescas para homenagear o nosso estado. No entanto, para marcar essa data gostaria de dividir um poema de Florbela Espanca. Essa grande poetisa portuguesa, nascida no Alentejo, exaltava sua terra com o mesmo amor que temos pelo Rio Grande. Em alguns dos poemas de Florbela é visível o patriotismo local. "Noites em minha Terra" é uma glorificação da terra natal da autora.

Quando estamos longe, além da saudade, passamos a valorizar mais as nossas raízes. Tudo ganha uma proporção maior. De certa forma o "bairrismo" passa a fazer sentido.

Neste 20 de setembro, sinto orgulho por ser gaúcha, mesmo que apenas de coração. Não por pensar que o Rio Grande é melhor do que os outros estados, isso jamais. Mas foi o Rio Grande que formou minha personalidade, meu caráter e meus valores. E é isso que exalto hoje, deste lado de cá do Atlântico.